Arquivo de maio, 2014

 

 

Quando se trata de chefes, qual é o limite da falta de flexibilidade?

Em uma época onde o padrão no ambiente de trabalho é de cooperação e consenso, ser um líder intransigente é mais arriscado do que costumava ser, de acordo com executivos e pesquisadores sobre liderança.

A repentina demissão este mês da editora executiva do jornal americano “New York Times”, Jill Abramson — que tinha fama de ser uma gestora direta e dura —, alimentou discussões sobre o quanto um líder moderno deve suavizar seu estilo para ser eficaz.

Cerca de 20 anos atrás, chefes implacáveis como o ex-presidente do conselho da Sunbeam Corp., Albert Dunlap, conhecido como “Motosserra Al”, administravam empresas sem nunca suavizar suas ações. Hoje, tais táticas devem ser adotadas com cautela, diz Robert Sutton, professor da Universidade de Stanford e autor de livros sobre o relacionamento entre patrões e empregados como “The No A—hole Rule: Building a Civilized Workplace and Surviving One That Isn′t”(“Sem regra idiota: Construindo um ambiente de trabalho civilizado e sobrevivendo a um que não é”, em tradução livre) e “Bom chefe, mau chefe – Como ser o melhor e aprender com o que há de pior” (editado no Brasil pela Editora Bookman).

“Entre os gestores de nível médio, [ser agressivo] provavelmente é útil para alavancar sua carreira, mas você precisa desenvolver sua personalidade à medida que fica um pouco mais velho”, diz Jim Lillie, diretor-presidente do conglomerado Jarden Corp., cujas marcas incluem a Mr. Coffee, Crock-Pot e os equipamentos para camping Coleman.

Os chefes também têm que estar cientes que seus papéis são cada vez mais públicos, com as redes sociais e as comunicações eletrônicas expondo questões que antes ficavam dentro da empresa, diz Sir Martin Sorrell, diretor-presidente da agência de publicidade WPP PLC, com sede em Londres. “Agora, tudo o que você escreve, tudo o que você diz, você tem que pensar para que não vá parar na capa do The Wall Street Journal.”

Depois que o diretor-presidente da AOL, Tim Armstrong, demitiu um subordinado durante uma teleconferência em agosto passado com uma unidade empresa, a Patch, uma gravação em áudio foi rapidamente disponibilizada on-line, gerando revolta contra a demissão. Armstrong depois pediu desculpas sobre a forma como demitiu o funcionário, ressaltando as “situações difíceis” que surgem quando se promove a reestruturação de uma companhia.

Em outro incidente, este ano, Armstrong citou o custo com “bebês estressados” como um fator das mudanças no plano 401 (k) da AOL e provocou controvérsia, desculpas públicas e uma reversão das mudanças. Um porta-voz da AOL não quis comentar nem disponibilizar Armstrong para conceder uma entrevista.

Paradoxalmente, os trabalhadores afirmam que valorizam a gentileza em seus chefes, mas preferem, contudo, líderes que os desafiam.

Uma pesquisa realizada em setembro pela empresa de gestão Kronos Inc. descobriu que 40% dos entrevistados listaram “compaixão” como um dos mais importantes atributos de um bom gestor.

Quando questionados sobre escolher entre um chefe exigente e com alto grau de realização e outro gentil, mas ineficaz, 75% optaram pelo primeiro.

Alguns líderes, como o ex-diretor-presidente da General Electric Co., Jack Welch, cultivaram uma reputação de inflexibilidade. Welch ganhou o apelido de “Nêutron Jack” no início dos anos 80 por transferir para fora dos Estados Unidos algumas operações e demitir milhares de trabalhadores.

Mas Welch equilibrava sua fúria com justiça, respondendo a questões de trabalhadores de todos os níveis durante reuniões e promovendo rapidamente aqueles com melhor desempenho independentemente da idade, diz Sydney Finkelstein, professor de gestão na Faculdade de Administração Tuck, do Dartmouth College.

No “New York Times”, as razões específicas da demissão de Abramson permanecem obscuras. Em nota, o editor Arthur Sulzberger Jr. citou “decisões arbitrárias, falta de consulta aos colegas, comunicação inadequada e tratamento desrespeitoso de colegas em público”. Abramson não pôde ser encontrada para comentar.

Daniel Hamburger, que supervisiona cerca de 14.000 funcionários como diretor-presidente do DeVry Education Group, diz que hoje não existe mais espaço para autoritarismo nas empresas. “Existe muito mais necessidade de genuinidade, autenticidade e respeito.”

Sutton, de Stanford, descreve dois tipos de “idiotas” no mundo empresarial: aqueles que humilham e desmotivam os colegas e aqueles que colocam suas próprias necessidades acima das da companhia.

Quando os chefes precisam que as coisas sejam feitas, gritar ou olhar irritado para os subordinados pode ser a coisa certa fazer, dependendo da cultura da empresa, e isso está entre o “leque de técnicas que você pode usar como gestor”, diz Sutton.

Mas algumas companhias estão se posicionando formalmente contra os idiotas. O diretor-presidente do Netflix Inc., Reed Hastings, afirmou que a empresa não precisa de “idiotas brilhantes” em uma apresentação publicada on-line. Segundo ele, o “custo efetivo para a equipe é muito elevado”.

Uma pesquisa realizada por Victoria Brescoll, professora assistente de comportamento organizacional da Faculdade de Administração da Universidade Yale, mostra que mulheres furiosas no ambiente de trabalho são percebidas mais negativamente que os homens. Carly Fiorina, que foi diretora-presidente da Hewlett-Packard Co. por seis anos e liderou uma fusão controversa com a Compaq Computer Corp., diz que as mulheres que ocupam cargos de liderança são mais criticadas que os homens. “O que é considerado como ′apropriadamente exigente′ em um homem é interpretado como rude em uma mulher”, diz ela.

Fonte: The Wall Street Journal, 28.05.2014
 

 

Os números chineses são, quase sempre, maiúsculos. No caso da mineração de carvão o número de mortes é assustador.

Em 2004 morreram 136.700 mineiros e em 2013 esse número caiu quase 50% para 69.000. Ou seja, a cada 53.000 toneladas de carvão lavradas morre um mineiro na China. Esse número é simplesmente absurdo e retrata a baixíssima qualidade e segurança das minas chinesas de carvão.

Não é a toa que o governo chinês está fechando milhares de minas de carvão em todo o país. Muitas dessas “minas” não passam de pequenos garimpos, geralmente coordenados por uma família. Elas não usam tecnologia e conceitos avançados. Daí o elevado número de problemas.

Em decorrência deste cenário perturbador mais de 2.000 minas de carvão serão fechadas até 2015.

Mesmo assim ainda restarão mais de 10.000 minas em operação.

A política governamental está causando efeito e, até o dia 20 de maio, foi registrada uma queda de 19% no número de mortes que estavam, então, contabilizadas em “apenas” 319.

Fonte: site Geólogo

COAL MINE FATALITY – On Monday, May 12, 2014, a 48-year-old continuous mining machine operator with 26 years of mining experience, and a 46-year-old mobile roof support operator/roof bolter with 3½ years of mining experience, were fatally injured as a result of a coal rib burst.  The section crew was retreat mining in the #6 entry of the 4 East Mains Panel.  They were mining the second lift of the left pillar block when the accident occurred.

 

 

http://www.msha.gov/FATALS/2014/FAB14c0405.asp

 

Fonte: Jornal O Tempo 18/05/2014

Curitiba.Dois trabalhadores morreram soterrados em um silo de armazenagem de soja na cidade de Assis Chateaubriand, no oeste do Paraná. De acordo com o Corpo de Bombeiros, eles acompanhavam o fim do escoamento dos grãos que estavam sendo despejados em caminhões, na tarde de anteontem, quando foram “engolidos” por, aproximadamente, dez toneladas do produto.

“Quando a soja está sendo escoada por aberturas na parte debaixo do silo, os grãos ficam como se fossem areia movediça” explicou o responsavel pelo Bombeiro Comunitario da cidade, Uvaldo Bueno do Prado Junior.

a retirada dos corpos de Raimundo Nonato dos Santos,43,e Alcides Jose da Silva,59,levou cerca de sete horas. O sepultamento dos trabalhadores ocorreu ontem em Assis Chateaubriand. Ate a publicação desta reportagem, os representantes do silo não haviam sido encontrados para comentar o acidente.

          

A polícia turca prendeu 24 pessoas pela explosão em uma mina de carvão em Soma, no leste do país.

Entre os detidos, estão o gerente geral da mina, Ramazan Dogru, e seu gerente de operações, Akin Celik, segundo a agência de notícias turca Dogan.

Eles estão sendo interrogados pela polícia para apurar os responsáveis pela morte de 301 operários.

Muzaffer Yildirim, um mineiro que perdeu o irmão na tragédia, disse à BBC que os gerentes são responsáveis pelo desastre e “devem ser punidos”.

Responsável pela operação da mina, a Soma Holding nega as acusações de negligência.

A companhia afirma que um inesperado superaquecimento no interior da mina causou seu desmoronamento na última quinta-feira.

Manifestações

Protestos vêm ocorrendo diariamente desde a explosão.

Na sexta-feira, a polícia entrou em confronto com manifestantes em Soma, que não só acusam a Soma Holding de ignorar as más condições de trabalho como também ao primeiro-ministro Tayyip Erdogan por ter se comportado de forma “insensível” à tragédia.

Agora, as manifestações estão proibidas em Soma, mas isso não impediu que centenas de pessoas participassem de passeatas nas cidades de Izmir, Istambul e Ankara, a capital turca, no último sábado.

Ontem, as buscas por sobreviventes foram encerradas, quando os dois últimos corpos foram retirados dos escombros.

Logo em seguida, a entrada da mina foi selada com tijolos pelas autoridades.

Foram localizados 301 corpos na mina.

A jornada de trabalho em atividade insalubre só poderá ser prorrogada mediante licença prévia da autoridade competente em matéria de higiene do trabalho. Com esse fundamento, previsto no artigo 60 da CLT, a Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho deu provimento ao recurso de um empregado do Frigorífico Marba Ltda. que trabalhava além da jornada fixada contratualmente.

O empregado foi admitido como ajudante de expedição e recebia adicional de insalubridade em grau médio pelo contato diário com frio e ruídos. Trabalhava de domingo a quinta-feira, das 20h às 5h da madrugada, com folgas às sextas e sábados. Alegou, no entanto, que sua jornada sempre ia até às 10 horas do dia seguinte e que, aos domingos, trabalhava das 17h às 10h em horário corrido.

O frigorífico afirmou que o empregado usava o banco de horas para usufruir do descanso pelas horas trabalhadas além da jornada contratual. Destacou que havia acordo coletivo prevendo o banco de horas e que este autorizava a compensação em caso de extrapolação da jornada.

A 6ª Vara do Trabalho de São Bernardo do Campo (SP) deu provimento ao pedido de horas extras por entender que, em caso de trabalho insalubre, a prorrogação da jornada só pode ser pactuada após licença prévia das autoridades em higiene do trabalho, situação que não foi comprovada pela empresa. O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, porém, reformou a sentença para excluir da condenação as horas extras, considerando válido o acordo de compensação de jornada e de banco de horas.

TST

Novo recurso foi interposto, desta vez pelo ajudante de expedição, que foi acolhido pela Quinta Turma do TST. Segundo o relator da matéria, ministro Emmanoel Pereira, o atual entendimento do TST é o de que a prorrogação de jornada em atividade insalubre, mesmo que baseada em acordo de compensação, necessita de autorização do Ministério do Trabalho e Emprego, conforme o artigo 60 da CLT. A decisão, que restaurou a condenação em relação às horas extras, foi unânime.

( RR 2098-87.2010.5.02.0466 )

Fonte: Tribunal Superior do Trabalho, por Fernanda Loureiro, 16.05.2014

ISTAMBUL – Após o trágico acidente na mina de Soma, o governo turco afirmou que o local foi inspecionado em cinco ocasiões desde 2012, a última em março, sem detecção de problemas de segurança; a empresa Soma Komur Isletmeleri AS, dona da área de exploração, declarou que o acidente ocorreu apesar dos “mais altos controles e medidas de segurança”. Mas todos os discursos e garantias não apagam o fato de que a Turquia continua sendo um dos lugares mais perigosos do mundo para os trabalhadores do setor de mineração.

Em 2012, o país foi considerado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) o terceiro país mais letal para trabalhadores industriais – e o mais inseguro na Europa. Só neste ano, sem contar a tragédia em Soma, 396 turcos morreram no trabalho, sendo 17 menores de idade.

Segundo um estudo da Universidade de Kirikkale, na Turquia, o setor de mineração é o que oferece mais riscos aos funcionários. De acordo com dados da OIT e do governo turco, no ano passado mineiros mortos representaram 10% do total de mortes no trabalho – sendo que eles são apenas 1,3% da mão de obra do país. Pelo menos 1.300 trabalhadores morreram desde 2000, segundo essas fontes. Só no ano passado, 13 mil mineiros se envolveram em acidentes de trabalho, num país em que o carvão responde por 40% da produção de energia elétrica.

O partido CHP, de oposição, acusa o governo de longa data do AKP de ter barrado uma CPI sobre recentes acidentes nas minas da região de Soma. Ao mesmo tempo, o país não põe em prática várias das convenções e acordos internacionais sobre trabalho que assinou, denuncia o presidente da Câmara de Engenheiros de Mineração turca, Ayhan Yüksel.

– A Turquia não adota as normas internacionais. Mesmo se o país assinar uma convenção, o problema vai continuar existindo – disse o engenheiro ao jornal local “Today’s Zaman”. – Nossas leis estão de acordo com as regras internacionais, mas o fato de elas até hoje não terem entrado em vigor continua sendo o principal problema nesse sentido.

Fonte: Agencia O Globo 15/05/2014

O número de mortos na explosão ocorrida na terça-feira (13) em uma mina de carvão na Turquia subiu para 205, mas ainda pode aumentar, afirmou nesta quarta-feira o ministro da Energia turco, Taner Yildiz, enquanto o governo decretou três dias de luto no país.

Teme-se que o número de mortos aumente e que este acidente seja o maior desse tipo na história da Turquia, admitiu o ministro.

“Não quero dar um número muito alto ou muito baixo e dar ideias equivocadas, apesar de termos uma estimativa, segundo os dados proporcionados pela empresa mineradora” responsável pela exploração, disse Yildiz., acrescentando que os socorristas “correm contra o tempo” para salvar os mineiros retidos.

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Centenas de mineiros ficam presos após explosão em mina na Turquia21 fotos 2 / 2113.mai.2014 – Ferido é resgatado em Soma, distrito da província de Manisa, na Turquia. Uma explosão seguida por um incêndio na mina de carvão da cidade matou mais de 200 pessoas e deixou centenas presas sob a terra, informou nesta quarta-feira o ministério turco da Energia. No total, 787 operários trabalhavam na mina no momento da explosão, na tarde de terça (13). O ministro de Energia do país afirma que as equipes de resgate correm contra o tempo para que não se acabe o oxigênio na mina, ao mesmo tempo que injetam o gás para que os soterrados não asfixiem Yilmaz Saripinar/Ihlas/ReutersAs operações de busca continuam nesta manhã. O ministro da Energia disse que 787 operários estavam na mina no momento do acidente, dos quais 363 tinham conseguido se salvar e cerca de 80 estavam feridos. Teme-se que o número de vítimas possa ser maior que 300. Alguns operários da mina, por sua vez, relataram à imprensa local que poderia haver entre 300 e 400 pessoas na mina e que é pouco provável que elas sejam encontradas com vida.

Durante toda a noite, as equipes de socorristas retiraram feridos a conta-gotas, a maioria com graves dificuldades respiratórias.

Segundo Yildiz, quatro equipes estão trabalhando na mina. O principal problema seria o fogo. Os bombeiros tentaram bombear ar para as galerias da mina onde os mineiros estão presos, cerca de dois quilômetros sob a superfície, e a uma distância de quatro quilômetros da entrada da mina.

Uma fumaça espessa dificulta o avanço das equipes. Os mineiros teriam máscaras de oxigênio à sua disposição, mas não se sabe por quanto tempo podem sobreviver nessas condições, de acordo com a imprensa local.

Vedat Didari, especialista em indústria mineradora, explicou à AFP que a falta de oxigênio é o principal risco, no momente. “Se os ventiladores não funcionarem, os mineiros podem morrer em uma hora”, disse Didari, da Universidade Bulent Ecevit, em Zonguldak.

Parentes dos mineiros estão no local do acidente e no hospital de Soma, para onde os feridos estão sendo levados. “Espero notícias do meu filho desde o início da tarde”, disse à AFP Sena Isbiler. “Não tenho notícia alguma. Ele ainda não saiu”, lamentou.

Em conversa com a imprensa, em Ancara, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan expressou suas “mais sinceras condolências” às famílias das vítimas. “Alguns dos mineiros foram salvos, e espero que sejamos capazes de salvar os outros”, declarou.

Explosão deixa centenas de trabalhadores presos em mina
Explosões recorrentes
A explosão teria sido causada por uma falha elétrica, ocorrida por volta das 9h30 (horário de Brasília), segundo a imprensa local.

Em um comunicado, a companhia mineradora Soma Komur considerou o episódio um “acidente trágico” e lamentou que, “infelizmente, alguns dos nossos empregados perderam a vida nesse acidente”.

“O acidente aconteceu apesar de um máximo de medidas de segurança e de inspeções, mas conseguimos intervir rapidamente”, garantiu a empresa.

O Ministério turco do Trabalho e da Segurança Social anunciou que a mina foi inspecionada pela última vez em 17 de março e que aplica as normas em vigor.

Segundo o mineiro Oktay Berrin, em conversa com a AFP, porém, “não há qualquer segurança nessa mina, os sindicatos são apenas marionetes, e a diretoria só pensa em dinheiro”.

“Já houve pequenos acidentes aqui, mas é a primeira vez que vemos um acidente tão grave como esse”, afirmou um mineiro, ainda em estado de choque.

Explosões em minas de carvão são comuns na Turquia, principalmente no setor privado, que, em muitos casos, não respeita as regras de segurança. O acidente mais grave aconteceu em 1992, quando 236 mineiros perderam a vida em uma explosão de gás na mina de Zonguldak.

O distrito de Soma, que tem cerca de 100.000 habitantes, é um dos principais centros de extração de lignito (carvão fóssil), a principal atividade da região. (Com agências internacionais)

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Há 4 anos, 33 mineiros eram resgatados após acidente no Chile30 fotos 21 / 3023.set.2011 – Os mineiros Franklin Lobos, ex-jogador de futebol, e Omar Reygadas, eletricista, participam de conferência em Vancouver, Canadá The Canadian Press/AP
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fonte: Portal UOL

A invasão dos idosos

Publicado: maio 12, 2014 em Bad news and good news
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fonte : O Estado de São Paulo 06/5/2014
Com esse título instigante, o último número da revista The Economist apresentou uma interessante análise do envelhecimento da população mundial (Age invaders, 26/04/14). Li esse artigo de olho na situação do Brasil, em especial, no campo do trabalho.
Diz o bom senso que os idosos são menos produtivos. Entretanto, a referida análise trouxe surpresas animadoras. Nos países desenvolvidos, as pessoas de 60 anos e mais estão trabalhando por muito tempo. Entre os americanos, a proporção de idosos que permanecem em atividade subiu de 13% no ano 2000 para 20% nos dias atuais e entre os alemães passou de 25% para 50%. São pessoas de 65, 70 e 75 anos – e até mais – que continuam em atividade e que gostam do que fazem.
Outra constatação: os idosos bem educados têm um nível de produtividade muito alto porque as suas atividades se baseiam mais no conhecimento do que na musculatura. Em consequência, eles ganham mais, poupam bastante e dão menos despesas ao Estado. Na França, muitos idosos de 80 anos são ativos e poupam 134% mais do que as pessoas de 55 ou 60 anos.
O que eleva o prolongamento da vida profissional dos idosos é a boa educação. Nos Estados Unidos, entre os que têm curso superior, 65% continuam trabalhando; entre os que ficaram só com o ensino médio, são 32%. Na Europa, as proporções são de 25% e 50% respectivamente. São números impressionantes e de significado profundo, pois esses idosos estão longe de constituir um fardo pesado e improdutivo para a sociedade, comprovando-se que a educação faz a diferença em qualquer idade.
E o Brasil? Lamento dizer que estamos mal na foto. A proporção de homens e mulheres idosos no mercado de trabalho é irrisória e subiu muito pouco. Entre 1992 e 2012, a proporção de homens com mais de 60 anos que trabalhavam subiu de 7% para 8% e entre as mulheres ficou estável em 5,8%. São proporções muito baixas em face das encontradas nos países avançados.
No que tange aos idosos bem educados, o problema não é menor. A parcela de brasileiros que passaram por curso superior e continuaram trabalhando aumentou de 3% para 9% no período indicado. O contraste é enorme em relação aos Estados Unidos e à Europa.
O fato é que os idosos brasileiros são muito diferentes dos idosos americanos ou europeus. Em 2012, 27% dos idosos brasileiros eram analfabetos! Cerca de 40% tinham quatro anos de escola ou menos. E apenas 9% tinham curso superior completo ou incompleto. Com esse nível educacional, é impossível trabalhar na sociedade do conhecimento que exige versatilidade, bom senso, agilidade mental e domínio de tecnologias modernas.
Qual é a lição para o Brasil? Que precisamos educar seriamente os nossos jovens para que eles possam formar uma geração de idosos bem preparados, capazes de trabalhar por muitos anos, ganhando bons salários, formando suas poupanças e adiando ao máximo as despesas para os sistemas de saúde e de previdência social.
Nesse campo, o nosso desafio é gigantesco. Os jovens que estão na escola hoje e que serão os idosos de amanhã enfrentam problemas gravíssimos. Os próprios professores estão envelhecendo depressa, sem que sejam substituídos por profissionais à altura das novas necessidades educacionais. O desânimo pela carreira do magistério é inegável. Não é à toa que os nossos jovens se saem muito mal nos testes que medem sua capacidade de raciocinar, ler e escrever corretamente. Na última avaliação do Pisa, ficamos em 38.º lugar entre 44 países pesquisados.
A lição é essa. Do bom ensino de hoje nascerá a esperança de contarmos com idosos qualificados e produtivos que, por volta de 2040, somarão mais de um terço da população brasileira. Do contrário, veremos mantido o lamentável e indesejável contraste do quadro atual.
*José Pastore é professor de Relações do Trabalho da FEA-USP, presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomércio-SP e membro da Academia Paulista de Letras

Uma decisão do TNU (Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais) vai impactar em quem teve o auxílio-acidente negado administrativamente e aguarda parecer da Justiça. Foi firmada a jurisprudência em relação à negativa do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para o benefício com alegação de grau pequeno da incapacidade.

Um segurado do Rio Grande do Sul entrou com um recurso na Justiça, já que seu pedido foi negado pelo órgão da Previdência. O perito teve entendimento de que o benefício não devia ser concedido já que a redução da capacidade foi considerada grau mínimo.

Porém, o relator do processo, juiz federal João Batista Lazzari, entendeu que, de acordo com o previsto na lei 8.213 de 1991, deve ser concedido independentemente do grau da incapacidade. “A Corte Superior assentou que, uma vez configurados os pressupostos de concessão do benefício, é de rigor o reconhecimento do segurado ao auxílio.”

Conforme explicou a presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), Jane Berwanger, não há previsão legal em relação à qualificação da incapacidade.

“A lei não faz nenhuma referência nesse sentido de graduação da sequela, não há nenhuma restrição. A redução da capacidade do segurado para o trabalho já é o bastante para conseguir o benefício”, disse.

O advogado previdenciário do escritório LBS Advogados, Fernando José Hirsch, exemplifica que não pode haver uma divisão em relação à gravidade ou aos tipos de sequelas.

“Conforme a lei, não importa, por exemplo, se o segurado perdeu uma parte do dedo ou até mesmo o braço, se ele volta a trabalhar com uma redução da capacidade o benefício deve ser concedido.”

A recusa via administrativa sobre essa alegação é algo muito comum, segundo Jane. “Existe uma norma da própria Previdência que estabelece algumas divisões, e o INSS estava seguindo-a. Porém já havia um entendimento do STJ (Supremo Tribunal de Justiça) sobre o assunto, além da não previsão na legislação”, afirmou.

Auxílio-acidente

O benefício é concedido ao segurado que já estava afastado do trabalho recebendo auxílio-doença ou por acidente de trabalho, no momento em que ele tem alta médica para voltar às suas atividades. Será feito perícia médica para atestar se há realmente uma redução de capacidade para desenvolvimento do trabalho.

Esse valor é recebido até a aposentadoria e calculado com base nos 50% dos maiores salários de contribuição. O trabalhador continua recebendo normalmente seu salário.

Não é exigido nenhum tipo de carência para pleitear o benefício, somente qualidade de segurado.

Fonte: Diário do Grande ABC, por Yara Ferraz, 09.05.2014