Arquivo de setembro, 2015

 

Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a crise não afetará o setor de engenharia nos próximos anos. O resultado da pesquisa conclui que a demanda brasileira por engenheiros deve criar ao menos 660 mil postos de trabalho até 2020.
Dentre as áreas da engenharia, a de petróleo e gás, que inclui extração e refino, apresentará o maior crescimento relativo de vagas, entre 13% e 19%.
Os pesquisadores Aguinaldo Maciente e Paulo Nascimento, do próprio Ipea, consideraram três cenários de crescimento médio anual da economia no Brasil até 2020.
No primeiro, o número de vagas chegaria a 658 mil, equivalente a 2,5%.  No segundo cenário, alcançaria os 4%, com 930 mil. E no terceiro, 5,5%, e bateria 1 milhão de vagas. Entre os anos de 1996 e 2010 o PIB atingiu a taxa média de 3,1%, indicou o estudo.
De acordo com a análise, a expansão dos cursos de engenharia é a responsável pela alta demanda. Na realidade, o número de ingressantes na habilitação já vem subindo desde 2000. Até 2012 atingiu 351%.
A atual necessidade do mercado por estes profissionais também ajudou com que aumentasse o número de estudantes. Entretanto, os pesquisadores não descartam a possível falta de peritos em áreas específicas, como os setores de extração mineral e construção, citadas pelo estudo como mais críticas.

Informativo Massa Cinzenta – Cimento Itambé

Os anos 1980 e 1990 foram considerados períodos perdidos para os engenheiros. Graduados não encontravam trabalho dentro da construção civil e foram migrando para outros segmentos. O setor financeiro absorveu boa parte, enquanto outros profissionais migraram para a área de prestação de serviços e até a gastronomia.
Hoje, depois de um período de efervescência, que fez com que os cursos de engenharia civil voltassem a estar entre os mais procurados por jovens, a profissão corre o risco de dar passos atrás. A crise econômica, que congela obras, combinada com a operação Lava Jato, a qual paralisa as principais empreiteiras do país, gera incógnitas sobre o futuro do mercado de trabalho no setor.
A pergunta que fica é: ainda há vagas para engenheiros? O especialista em recursos humanos, João Xavier, diretor-geral da Ricardo Xavier Recursos Humanos, responde essa, e outras perguntas, diante do atual cenário nacional. Confira:
 
Na crise, ainda há vagas para engenheiros?
Sim. Sempre haverá boas oportunidades para os engenheiros. Três áreas são promissoras para os profissionais da engenharia: comercial, onde os engenheiros são necessários para realizar vendas técnicas; Pesquisa & Desenvolvimento, diante da necessidade constante de inovação, e na manutenção, que apesar de estar sentindo fortemente o impacto, é atividade essencial para as indústrias e grandes instalações comerciais. As áreas mais impactadas são as ligadas à produção, principalmente os setores metalúrgico, automotivo, óleo e gás e construção civil.
 
Quais engenharias encontram sustentabilidade no mercado de trabalho neste período?
Eu colocaria as seguintes áreas: computação, controle e automação, mecatrônica, química, elétrica, biomédica, agronômica, minas, energia, mecânica, aeronáutica, naval, industrial e ambiental. Mas podemos dizer que, de modo geral, todas as engenharias encontram sustentabilidade. São os engenheiros os responsáveis por engendrar as ideias.
 
No caso da engenharia civil, durante a fase efervescente da construção civil, chegaram a faltar profissionais. Hoje, qual o cenário?
Na verdade nunca faltaram profissionais no mercado. O que acontece é que as empresas não estão dispostas a pagar o preço por bons profissionais. No momento em que a economia fica aquecida, esse fenômeno aparece com maior intensidade. Hoje, com o mercado desaquecido, a pressão sobre os salários é ainda maior. Portanto, há menos oportunidades e menores salários.
 
O curso de engenharia civil voltou a ser um dos mais procurados pelos jovens. É possível que ao se formar eles encontrem um mercado de trabalho hostil?
O mercado de trabalho é hostil para qualquer área. Sempre há um jogo de forças entre o capital e o trabalho. Hoje, o que está se valorizando é o trabalho criativo, independentemente da área. É o trabalho com Pesquisa & Desenvolvimento, é o trabalho de inovação. Esse nunca poderá ser substituído por máquinas ou pelo computador. A engenharia civil é bastante ampla e versátil, com oportunidades em projetos (das mais diversas naturezas), obras, manutenção e facilities (instalações) comerciais, Pesquisa & Desenvolvimento. Portanto, existem muitas oportunidades.
 
O que afeta mais a engenharia: a crise econômica em si ou a operação Lava Jato, que paralisou as principais empreiteiras do país?
Não podemos creditar o efeito da paralisia à operação Lava Jato. A Lava Jato é o remédio amargo a ser tomado. Na minha opinião, o sistema corrupto e fraudulento que se interpôs entre governos e empreiteiras nas negociações de obras e terceirizações de serviços é o grande culpado pela redução de empregos na engenharia. A Lava Jato é a cura. Mas, obviamente, a crise no governo e na Petrobras afetou significativamente o mercado de trabalho para os engenheiros. Não só com as obras como também com os contratos de prestação de serviços de manutenção.
 
A proposta de se abrir o mercado para construtoras estrangeiras seria interessante para profissionais de engenharia do Brasil?
Tem o lado bom e o ruim nessa abertura. O positivo será a geração de oportunidades para os engenheiros, tanto dentro quanto fora do país. O lado negativo será a pressão no valor dos salários, pois as empresas enfrentarão maior concorrência.
 
Corre-se o risco de a engenharia voltar a enfrentar um cenário semelhante ao vivido nos anos 1980 e 1990, conhecido no setor como décadas perdidas?
Acredito que não. Como falei, sempre haverá oportunidades para os engenheiros. E o Brasil, por pior que seja administrado, devido a seu grande potencial agrícola, mineral e à sua grande população, ainda vai ser atrativo para muitas empresas, muitos investidores.
 
Caso as concessões para rodovias, ferrovias, portos e aeroportos decolem, a situação tende a mudar?
Sim, a iniciativa privada sempre foi mais eficiente que os órgãos públicos na gestão. Com certeza, gerará mais investimento e mais empregos.
 
Apenas ter a graduação em engenharia é requisito para competir no mercado de trabalho?
Não. Domínio do idioma inglês também é fator de diferenciação.
 
A arquitetura vive momento semelhante ou estaria mais aquecida?
Vive momento semelhante e tem o agravamento de não ter a mesma versatilidade da engenharia civil.
 
Entrevistado
Engenheiro agrônomo João Xavier, especialista em recursos humanos e diretor-geral da Ricardo Xavier Recursos Humanos
Contato: joaoxavier@ricardoxavier.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Informativo Massa Cinzenta – Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Obrigado por me demitir.

Publicado: setembro 28, 2015 em Bad news and good news

Aluno repetente na escola, o chinês Ma Yun tentou entrar diversas vezes na universidade, mas não conseguiu. Colocou a cara a tapa por 30 vezes na busca por um emprego e falhou em todas as tentativas. E a resposta para tantas recusas, invariavelmente, era: “não, você não é bom”. No entanto, as empresas e instituições provavelmente repensariam suas negativas se soubessem do que esse jovem seria capaz. As rejeições serviram de aprendizado para o rapaz, que foi responsável pela fundação de um dos maiores sites de comércio eletrônico do mundo, o Alibaba. E esse chinês, antes um jovem Ma Yun com poucas perspectivas, se tornou Jack Ma, um dos homens mais ricos do mundo.

Diferente das alcunhas que carregam, algumas pessoas que, convencionalmente, classificamos como vitoriosas ou bem-sucedidas, tiveram que enfrentar barreiras e recusas que, em vez de fazê-las fraquejar, possibilitaram que construíssem negócios e carreiras que talvez não fossem possíveis se tivessem recebido o esperado “sim” dos empregadores.

Desistir de um emprego relativamente seguro ou mesmo se ver rejeitado e demitido do que seria o seu trabalho dos sonhos pode não parecer um bom prognóstico para uma trajetória brilhante. No entanto, essa saída da zona de conforto e o desprendimento de convicções fechadas sobre o que é o melhor para si podem ser o pontapé para algo maior e mais gratificante para o profissional.

Desemprego: não tema

Ser demitido pode parecer ruim num primeiro momento. Pedir demissão também evoca sentimentos de dúvida e medo em relação ao que vem pela frente. No entanto, em ambos os casos, é possível colher muitos frutos e incrementar a carreira. “A demissão pode ser a chave para o próprio processo de desenvolvimento de um profissional”, explica Alfredo Castro, diretor-sócio da MOT – Treinamento e Desenvolvimento Gerencial.

No caso dos demitidos pelas empresas, Castro reforça a importância de o profissional entender as razões que levaram à demissão. “Muito embora seja visto como algo negativo na maioria das vezes, o fato de ser demitido pode responder perguntas-chave sobre sua capacidade de desempenhar-se bem naquela função ou empresa, e entender quais aspectos da cultura não se adaptaram à sua maneira de ser”, diz.

Por outro lado, em relação aos insatisfeitos com o emprego, é preciso fugir do conformismo para buscar novas e melhores oportunidades no mercado. Marcos Morita, especialista em Planejamento Estratégico, aponta algumas consequências da falta de atitude em relação à carreira. “Muitos profissionais hesitam em pedir demissão, mesmo quando suas carreiras estão estagnadas na empresa, seja por acomodação ou para serem demitidos e assim aumentar os ganhos da saída. Em ambos os casos, este é um erro do profissional, uma vez que além de estagnar sua carreira, precisará explicar ao próximo contratante porque não procurou outras oportunidades, transparecendo acomodação”, conta.

Esteja preparado

Por mais talentosos que sejam, os profissionais devem ter consciência de que seu emprego não vai durar para sempre ou que, um dia, eles ficarão insatisfeitos com as posições que ocupam e tarefas que exercem. Por isso, é preciso que a atualização, a capacitação e a manutenção de uma rede de contatos sejam uma constante para o desenvolvimento da carreira.

Para Marcos Morita é obrigação do profissional estar preparado e manter-se empregável, por meio de cursos de extensão, idiomas, viagens e, especialmente, através do networking, que é a principal ponte para voltar ao mercado. Ainda assim, essa busca por melhorar sempre e pela manutenção de uma boa rede de contatos ainda não é uma regra para quem está empregado. “Infelizmente o que ocorre em geral é que os profissionais acabam se acomodando com a situação, não se aperfeiçoando e, pior, esquecendo-se dos relacionamentos com amigos de faculdade, colegas de empregos anteriores e profissionais do setor”, destaca o especialista.

Além da preparação, os profissionais devem ficar atentos a sinais de que o seu emprego não vai bem. Deixar de ser convocado para reuniões que sempre participou, não receber convites para desenvolvimento de projetos da área ou da empresa ou não ter mais a opinião solicitada são alguns indícios apontados pela consultora de carreiras e outplacement Eni Santos.

Um dos principais indicativos de demissão é quando, repetidamente, o superior dá feedbacks ao profissional para que melhore seu desempenho. Caso o funcionário nada faça para mudar, a tendência é que a situação piore. Quem quer manter o emprego, não pode cair na cilada de se eximir de suas obrigações na empresa. De acordo com Eni, mais que aos sinais, é preciso atentar para atitudes que causam a perda do emprego, como, por exemplo, o não cumprimento das metas, erros constantes, comportamentos inadequados e comprometimento frágil.

Quanto àqueles que não têm certeza de que querem continuar na empresa em que estão, Alfredo Castro aconselha que é preciso analisar a situação sob dois aspectos. Para o especialista, antes de definir e buscar outras oportunidades é necessário analisar a situação sob dois critérios. “Aponto dois fatores básicos: observar tanto os fatores objetivos e subjetivos”, aconselha. Após atentar para esses fatores, Castro indica que, caso não estejam de acordo com o esperado, então o momento é de definir e buscar novas alternativas.

Além da busca por emprego ou recolocação nas empresas em que atuam, os profissionais também vêm optando por abrir seu próprio empreendimento. Marcos Morita ressalta os cuidados que devem ser tidos quando essa é a opção escolhida, sugerindo opções de menor risco ou que exigem menor investimento, como franquias e consultorias. “Não necessariamente um bom gestor será um bom empreendedor, já que as características são muito distintas. Trabalhar muito, ter assertividade e poder de convencimento, saber ouvir não e não ter aversão ao risco são algumas das características dos empreendedores”, esclarece.

Ganhos maiores que perdas

Ser demitido não é algo prazeroso em nenhuma época do ano. Mas em períodos nos quais atributos como generosidade e coleguismo são celebrados, a demissão se torna um golpe ainda mais duro. Esse foi o caso de Gustavo Bastida, que foi pego de surpresa ao ser desligado do banco em que trabalhava uma semana antes do Natal.

O impacto não tirou seu ânimo. Após refletir sobre o próximo passo que queria dar, ele decidiu aproveitar e embarcar num projeto iniciado por sua esposa, um empreendimento na área de comunicação corporativa, a Ayla Meireles Comunicação. Ele, então, usou a experiência de quase uma década no mercado para assumir a administração da empresa. Em pouco tempo, o casal conseguiu alugar um escritório e contratar uma pequena equipe. “Como resultado de um bom trabalho, resiliência e muito esforço, os resultados vieram, pouco a pouco. Hoje ganho mais de dez vezes o que ganhava no último emprego e tenho certeza que, apesar do problema que passei, tudo serviu para me conduzir aonde estou hoje”, relata Gustavo.

Problemas com o emprego anterior também fizeram parte da vida da jornalista Vanessa de Oliveira, que tinha uma rotina atribulada e fazia viagens constantes. O dia a dia, que já era corrido, começou a pesar ainda mais quando ela se tornou mãe, pois os compromissos profissionais a faziam ficar longe de sua filha por dias. Como queria ter mais tempo com a bebê, decidiu, no primeiro momento, solicitar menos viagens ao seu chefe, que questionou se sua prioridade era a vida profissional ou a maternidade.

A partir daí, Vanessa ficou insatisfeita e acabou saindo do emprego, com o intuito de trabalhar em algo que lhe proporcionasse horários flexíveis. Foi aí que teve a ideia, junto a outras duas amigas, de unir publicidade em embalagens de pães. Com isso, surgiu em 2010, a Mídia Pane, em São José dos Campos (SP).

Hoje, a empresa tem 165 franquias espalhadas por 20 estados brasileiros, imprime anúncios mensalmente em cerca de 2 milhões de sacos de pão e, claro, é um motivo de orgulho para a empreendedora. “A saída do meu trabalho contribuiu para que eu pudesse amadurecer melhor a ideia de ter o meu próprio negócio e me dedicar quase que integralmente à formatação do negócio. A maternidade foi um divisor de águas na minha vida. Foi a partir daí que percebi que gostaria de me dedicar a esse momento tão importante. Foi um desafio que valeu a pena”, comemora Vanessa que, após a desistência de suas sócias logo no início, continuou o negócio com a ajuda do irmão.

Mais comum do que se imagina, a história de Vanessa, que mudou de vida para ter mais tempo para a família, também se assemelha com a de outras empreendedoras, como Germana Andrea Queiroz. Cozinheira em uma churrascaria de Pernambuco, Germana teve que reorganizar sua rotina para cuidar do filho, que havia nascido com fenda palatina. Assim, pediu demissão e com o dinheiro que recebeu do estabelecimento resolveu ter seu próprio negócio.

Após tentativas sem sucesso e diversas dificuldades para ter um estabelecimento, hoje Germana Andrea tem duas unidades da sua “Barraca da Andrea” na cidade de Monteiro, interior da Paraíba, onde vende salgados, bolos e outros tipos de lanche. Ela planeja, inclusive, montar um restaurante em 2016. O esforço da empreendedora também teve amplo reconhecimento no mês de março, quando conquistou o troféu prata na etapa nacional do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, pela categoria Microempreendedora Individual (MEI).

Para conseguir ter seu próprio negócio, a empreendedora revela alguns de seus passos e aprendizados. “Queria lidar com comida e, por isso, comecei a visitar estabelecimentos vizinhos para ver o que eles faziam por lá. No entanto, é preciso encontrar o que dá certo para você, sem copiar as ideias dos outros. Também é preciso saber o que se quer e se contentar com pouco no começo, se dedicar, não desistir facilmente, ter vocação e responsabilidade. Não se pode ter medo de arriscar, pois erramos muito no caminho para poder acertar. Além disso, à medida que cometemos erros e acertos, ficamos mais seletivos”, ensina Germana Andrea.

Recomeçar, atuar em um emprego novo ou mesmo criar um empreendimento – essas são algumas opções para quem encara a demissão não apenas de maneira negativa, mas como uma oportunidade para avaliar expectativas, atuação profissional ou mesmo mudar de vida. Superados os obstáculos emocionais e profissionais, a demissão pode ser, em vez de um entrave para o profissional, o incentivo que era preciso para a carreira decolar.

Efeitos psicológicos do pós-demissão

Inicialmente, o fantasma que pode rondar quem está sem emprego é o problema da falta de dinheiro. Com o impacto psicológico, segundo a psicóloga clínica Maria Aparecida das Neves, a autoestima diminui drasticamente e o maior desafio passa a ser de que maneira é possível voltar ao mercado. “Essa tarefa vai fazer com que gaste muito mais energia do que quando estava trabalhando e fazendo horas extras, por isso não se deve descuidar da alimentação e dos exercícios físicos”, recomenda. Para superar a demissão, a especialista dá algumas dicas:

– Levantar a cabeça e traçar um plano até a recolocação;
– Economizar e cortar despesas desnecessárias;
– Conversar com a família, explicar a situação e pedir ajuda;
– Cortar as despesas supérfluas, o desemprego pode durar de meses a anos;
– Aproveitar as oportunidades e usar a criatividade na nova fase da vida.

Fonte: Revista Administradores, por Mayara Chaves, 09.09.2015

Mesmo em um ano turbulento, em que as pessoas estão mais preocupadas com suas economias e com seus empregos, a participação de funcionários em programas de voluntariado tem aumentado. As ações são bem variadas. Algumas empresas apenas fazem a conexão entre as instituições e seus funcionários, enquanto outras desenvolvem programas próprios. Para as companhias, essa é mais uma forma de incentivar a integração de equipes e manter o engajamento em alta em um momento difícil.

O Carrefour, por exemplo, trabalha com mais de 95 instituições e registrou recorde no número de participantes neste ano. Atualmente, são cerca de 1.260 funcionários engajados em atividades de voluntariado, que têm direito a quatro horas por mês, dentro do horário de expediente, para realizar um trabalho. “As campanhas de mobilização favorecem a sensibilização de colaboradores, consumidores e comunidades para questões ligadas à ajuda humanitária e melhoria do bem-estar pessoal e coletivo”, diz o diretor de sustentabilidade, Paulo Pianez.

Na Eurofarma, 5% dos funcionários participam de ações dessa natureza. É o caso de Diego Gola, gerente de planejamento estratégico, que dá aulas de educação financeira para adolescentes do Instituto Eurofarma. “Sou voluntário há oito anos, sendo três pela Eurofarma. É uma oportunidade de sairmos da nossa zona de conforto e criar um momento de intercâmbio cultural único. Quando estamos ensinando algo, acabamos aprendendo em dobro.”

Na opinião de Neide Senconvici, gerente de responsabilidade social corporativa da Eurofarma, a integração entre profissionais de várias áreas e níveis hierárquicos nos mutirões contribui para um clima de camaradagem e cooperação.

Nessa mesma linha, a Heineken criou o movimento Heineken Cidadania. Trata-se de um grande evento no qual a empresa promove atendimentos básicos, acesso ao conhecimento e uma gama de serviços públicos gratuitos à população. Neste ano, 13.300 pessoas foram beneficiadas no estado de São Paulo com a contribuição de 100 voluntários.

“Como retorno, a companhia aumenta o engajamento com as populações locais, estreitando uma relação de cooperação também com instituições governamentais e do terceiro setor. Além disso, o colaborador se sente mais feliz, pois se identifica mais com uma empresa que se preocupa em ajudar o próximo”, diz Renata Zveibel, diretora de comunicação externa e sustentabilidade da Heineken Brasil. Recentemente, a estratégia de sustentabilidade da companhia foi revista para aumentar a relevância da participação dos voluntários nas comunidades onde a empresa possui fábrica.

Causar impacto positivo nas comunidades onde está presente também tem sido uma meta da seguradora AIG. Duas vezes por ano, seus 65 mil funcionários no mundo podem pedir liberação remunerada durante o horário de trabalho para participar de ações de voluntariado em instituições de sua preferência ou atividades promovidas pela seguradora. Em abril, a companhia convocou seus funcionários para pintar a área da piscina e o muro da frente da Casa do Zezinho, entidade que ajuda crianças e jovens em situação vulnerável nos bairros do Capão Redondo, Parque Santo Antonio e Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo. Novas atividades estão marcadas para os dias 10 e 17 de outubro.

Na farmacêutica Novo Nordisk, 11 projetos foram realizados e aprovados pelo Comitê de Responsabilidade Social, em 2014, com a colaboração de 70% dos funcionários, que contribuíram para impactar positivamente mais de 600 pessoas. Em 2015, a participação foi de 100% dos funcionários no “Take Action Day”. “Conseguimos perceber que muitos dos nossos funcionários passam a enxergar a realidade com outros olhos e a refletir mais sobre o que acontece fora do dia a dia de trabalho”, diz Fabiana Cymrot, diretora de recursos humanos da companhia no Brasil.

Para estimular a troca de experiências entre empresas que possuem programas voluntários estruturados, o Centro de Voluntariado de São Paulo criou, há seis anos, um grupo de estudos. Ele já contou com a participação de cerca de 700 empresas. “Mesmo que sejam organizações concorrentes ou do mesmo setor, aqui dentro estão todas voltadas para fazer o bem comum”, diz Silvia Louza Naccache, coordenadora do grupo. Entre outras atividades, o centro oferece cursos e palestras de como as empresas podem organizar seus programas de voluntariado. “Percebemos que o interesse tem crescido, mas ainda há muito por fazer”, complementa.

Cláudia Varella Sintoni, coordenadora da área de mobilização social da Fundação Itaú Social, concorda. Para ela, as empresas podem e devem pensar mais em como oferecer oportunidades reais de participação. “Doação de recursos materiais e financeiros são importantes, mas muitos programas acabam parando aí. As pessoas, no entanto, estão dispostas a fazer ainda mais”, ressalta.

Em uma pesquisa realizada pela Fundação no final do ano passado, constatou-se que 72% dos brasileiros nunca atuaram em ações voluntárias e que 58% se dizem dispostos a realizar atividades desse tipo nos próximos anos. “Temos um grande potencial de aumentar o número de pessoas que ajudam, efetivamente, a construir uma sociedade mais justa e melhor. Para isso, é preciso oferecer ações voluntárias estruturadas e, nesse sentido, os programas corporativos se tornam extremamente relevantes.” Atualmente, o banco Itaú trabalha com diversas organizações, como escolas públicas, abrigos, hospitais, creches e ONGs. Os próprios voluntários também podem inserir suas organizações na plataforma Rede de Ações Sociais Itaú, que tem mais de 800 ações cadastradas.

Foi pensando em como levar seu programa de voluntariado para um outro patamar que a Suzano Papel e Celulose se uniu à Fundação Iochpe. Desse modo, passou a integrar seus voluntários ao projeto Escola Formare Aprendiz, que há quatro anos oferece curso de operador de processo de produção para jovens entre 18 e 19 anos que moram próximos às suas unidades industriais.

O curso é ministrado por voluntários da companhia e já formou mais de 400 jovens, conseguindo inserir 73% deles no mercado de trabalho e retendo quase 100 deles na própria empresa. “Além de contribuirmos para um melhor ambiente, em que o espírito de liderança e trabalho em grupo são ressaltados, criamos um círculo virtuoso. Isso significa que os que foram ajudados também serão voluntários no futuro e ajudarão outros”, afirma Carlos Griner, diretor executivo de recursos humanos da Suzano.

Despertar o interesse e a conscientização da importância do trabalho voluntário é um esforço constante que a consultoria Deloitte vem fazendo desde 2004. “Além da satisfação em apoiar a comunidade e conduzir nossos negócios de forma socialmente responsável, percebemos claramente o desenvolvimento dos nossos profissionais em relação a trabalho em equipe, liderança, responsabilidade, comprometimento e cooperação”, diz o diretor de recursos humanos, Roberto Sanches. A consultoria adotou recentemente o Instituto Padre Josimo, no Capão Redondo, na zona Sul de São Paulo, para a prestação de serviços na área administrativa, educacional e na estrutura dos prédios.

Com esse mesmo propósito de trabalhar o conceito de voluntariado entre jovens, a ESPM criou há 15 anos a Agência Experimental. Nela, os alunos são levados a atuar em várias frentes de trabalho como consultoria de marketing, comunicação e gestão para ONGs e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Atualmente, conta com 70 voluntários por semestre, que passam por um rigoroso processo seletivo. Nesses 15 anos, mais de 850 voluntários passaram pela agência.

“Nossa preocupação é proporcionar ao aluno o desenvolvimento de habilidades de companheirismo, cooperação, colaboração e liderança”, diz o professor Carlos Frederico Lucio, coordenador da ESPM Social. O resultado é uma espécie de legado. Segundo Lucio, muitos dos seus ex-alunos ajudaram a estruturar projetos sustentáveis em suas empresas, que estão descobrindo que fazer o bem para os outros também é um bom negócio na hora de estimular, engajar e reter profissionais, inclusive em ano de crise.

Fonte: Valor Econômico, por Luiz de França, 24.09.2015

 

Apple, Google, Intel e Adobe fizeram um acordo para pagar US$ 415 milhões e colocar um ponto final em uma ação coletiva que acusava as empresas de conspirar para não contratar os empregados das outras companhias.

Durante o processo, que teve início há quatro anos e no qual participaram 65 mil funcionários e ex-empregados do setor tecnológico, foram gerados mais de 3,2 milhões de documentos.

A juíza distrital de San José (Califórnia) Lucy Koch afirmou nesta quarta (2), apesar de a informação só ter vazado na quinta (3), que o acordo extrajudicial é “justo, adequado e razoável” para os trabalhadores envolvidos na ação.

As quatro empresas propuseram em janeiro o pagamento dos US$ 415 milhões (R$ 1,56 bilhão) depois de a magistrada rejeitar os US$ 324,5 milhões (R$ 1,2 bilhão) oferecidos anteriormente pelas companhias.

O processo revelou como as empresas de tecnologia combinaram esforços para evitar contratar os profissionais da concorrência, o que, segundo os trabalhadores que denunciaram o caso, limitou suas possibilidades de prosperar e conseguir melhores salários.

Entre as informações vazadas há uma troca de e-mails entre o já falecido fundador da Apple, Steve Jobs, e Eric Schmidt, ex-executivo-chefe do Google e agora presidente-executivo da Alphabet, a holding recentemente criada que reúne o Google e outras seis empresas.

Nas mensagens, Jobs pede a Schmidt que impeça a contratação de um dos engenheiros da Apple: “Ficaria muito satisfeito se seu departamento de recursos humanos interromper isso”, escreveu Jobs em e-mail enviado no dia 7 de março de 2007.

O ex-executivo-chefe do Google repassou a mensagem para o setor responsável, ordenando que a contratação não fosse confirmada.

“Acho que temos a política de não recrutar gente da Apple. Poderiam interromper isso e me dizer por que está ocorrendo? Preciso enviar uma resposta à Apple rapidamente, portanto, por favor, respondam-me o mais breve possível”, escreveu Schmidt.

Cada um dos trabalhadores receberá cerca de US$ 5.770 (R$ 21,7 mil).

Fonte: Folha de São Paulo, 04.09.2015

Muito tem se falado em desaposentação. Mas, o que significa essa palavra? Pois bem, essa matéria é de interesse a todas as pessoas aposentadas e que, mesmo após a aposentadoria, continuaram a trabalhar formalmente e a contribuir junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do governo federal.

A legislação brasileira atual prevê que o homem se aposente após os 35 anos e, a mulher, após 30 anos de trabalho, sem que seja necessário ter idade mínima para o fim das atividades laborais. Com isso, o homem que iniciou seu trabalho aos 18 anos, tendo trabalhado 35 anos, terá direito a se aposentar com 53 anos. Jovem, não?

No entanto, esse homem que começou a trabalhar ainda menino, após os 35 anos terá concedida pelo INSS a aposentadoria por tempo de contribuição integral. É aqui que começam os problemas, vez que, no cálculo desse benefício dito “integral” entrará uma fórmula chamada Fator Previdenciário, que vai levar em conta a expectativa de vida desse segurado. Ou seja, quanto mais jovem o segurado se aposentar, menor vai ser o valor da sua aposentadoria.

Desta forma, esse “jovem” aposentado aos 53 anos terá uma redução no valor de seu benefício em torno de 40%. Em suma, a aposentadoria só terá o nome de “integral”, mas assim não será, pois o valor não será a integralidade da média de suas contribuições.

Diante dessa situação, o “jovem” aposentado se vê na necessidade de continuar trabalhando para manter seu padrão de vida, já que o valor da aposentadoria será muito menor do que o salário que recebia enquanto estava trabalhando – em torno de 40%, caso o segurado homem tenha 53 anos.

Moral da história: o aposentado continua a trabalhar formalmente e, por conta dessa atividade laboral, continua a contribuir para o INSS, vez que é segurado obrigatório.

Esses recolhimentos ao INSS por parte do aposentado lhe darão o direito, apenas, aos benefícios previdenciários salário-família, salário-maternidade e serviço de reabilitação profissional. Só que, a nossa Constituição Federal, datada em 1988, prevê a regra da contrapartida, que se traduz da seguinte forma: se há contribuição do segurado para o INSS, a União tem de dar a contrapartida ao segurado, concedendo os benefícios previdenciários. Só que não é o que acontece com o aposentado segurado, na maioria das vezes.

Para estes casos, então, surge a tese da desaposentação, pela qual o aposentado que continua a contribuir com o INSS pode pedir cancelamento de sua aposentadoria, ao mesmo tempo em que requer uma nova aposentadoria (mais vantajosa).

Essa aposentadoria mais lucrativa que o aposentado vai solicitar levará em conta as contribuições efetuadas após o seu desligamento do trabalho, aumentando, dessa forma, o valor do benefício a que teria direito. Muitos juízes estão concedendo a desaposentação, vale lembrar.

Inclusive, a matéria chegou ao STF, em Brasília, para a apreciação da tese, bem como se é necessária a devolução dos valores recebidos da aposentadoria que se desejar cancelar.

Todavia, é necessário que os cálculos sejam feitos para se verificar o valor desse novo benefício – se será superior à aposentadoria que já se recebe, por exemplo.

Alerto: a desaposentação não é concedida nas agências do INSS, pois não há previsão legal para ela. Quem tiver interesse por este benefício, deve, necessariamente, ingressar com ação judicial, de preferência, sempre após a verificação dos cálculos!

Hoje, a desaposentação é uma realidade favorável ao aposentado na grande maioria das vezes. Vale a pena se informar!

(*) Luciana Moraes de Farias é presidente da diretoria do Conselho Federal do IAPE – Instituto dos Advogados Previdenciários – Conselho Federal.

Fonte: Boletim Migalhas, por Luciana Moraes de Farias (*), 03.09.2015

  Após 43 anos de espera, a ex-comissária de bordo Maria Cristina Teixeira de Carvalho Borchardt receberá uma parcela dos créditos trabalhistas devidos pela Vasp – companhia área falida em 2008. Ela e o marido, falecido há cinco anos, estão entre os primeiros trabalhadores beneficiados com a venda pela Justiça do Trabalho das Fazendas Piratininga, Rio Verde e Santa Luzia, do ex-controlador da empresa, Wagner Canhedo. A intenção é até o fim de 2015 liberar os R$ 312 milhões obtidos.

Esta é a primeira vez que empregados de uma companhia quebrada conseguem receber créditos fora do processo de falência, a partir da venda de bens pessoais do ex-proprietário.

O primeiro alvará, no valor de R$ 40 milhões, destinado a 536 trabalhadores, foi entregue ontem ao advogado Carlos Duque Estrada, resultado de uma longa disputa judicial da qual o advogado faz parte. Com a medida, o montante será liberado para a distribuição aos trabalhadores. Pela importância da medida, uma cerimônia para a entrega do documento foi realizada ontem no Fórum Ruy Barbosa, em São Paulo.

A dívida trabalhista da Vasp é estimada em R$ 2 bilhões e há 5.222 ações contra a companhia no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo. Além de outros 1.285 que tramitam no restante do país.

Até se chegar à comemoração de ontem, foram centenas de recursos, impugnações e discussões que levaram o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) nos últimos dez anos. Somente nos quatro anos de gestão do juiz Fábio Branda, à frente da Vara Vasp, foram 320 medidas judiciais. “Todos os envolvidos estão emocionados. Os funcionários tinham uma relação de amor com a companhia. Participei desse sofrimento e agora tenho um sentimento de dever cumprido, embora ainda falte muito para pagar”, disse Branda.

O juiz do trabalho Flávio Bretas Soares, que assumiu em maio a Vara Vasp no lugar de Branda, diz que serão pagos R$ 30 mil para todos os credores. As indenizações que excederem a quantia serão quitadas com um valor proporcional ao crédito, no limite de R$ 150 mil.

Maria Cristina Teixeira de Carvalho Borchardt, presente à cerimônia, foi comissária da Vasp por 26 anos e aposentada por invalidez, após sofrer um aneurisma cerebral. ” Com esse dinheiro, vou quitar minhas dívidas”, diz a ex-funcionária após 43 anos de espera.

Parte dos seus direitos foram pleiteados a partir de uma ação coletiva do Sindicato Nacional dos Aeronautas, de 1972, para cobrar diferenças salariais entre empregados que voavam em aviões turbo hélice e os que, como ela, passaram voar nos boeings. “Demos o sangue pela empresa e na hora de pagar nossos direitos, fazem isso. Meu marido morreu, outros amigos morreram, outros estão doentes e ainda não receberam”, diz.

O piloto Luiz Fernando Crazoves de Almeida, com quase 21 anos de Vasp e a ex-comissária da Vasp Sueli Pandori Carvalho, serão indenizados por uma ação iniciada em 1987, quando a companhia começou a atuar em Guarulhos. Como a base era São Paulo, o sindicato conseguiu um adicional de transferência pela mudança. Além de suas ações individuais que tratam de verbas rescisórias. “Não acreditava que fosse sair. Foi uma redenção”, diz Sueli.

Para o advogado Duque Estrada o alvará representa um marco histórico, pois tem sido tradição das companhias aéreas falidas não pagarem trabalhadores. “Que isso sirva de exemplo para o país, porque aqui a Justiça está sendo feita.”

Há pelo menos três fazendas e imóveis de Canhedo penhorados para quitar débitos trabalhistas. “O meu papel é continuar com a execução até que todo o passivo de R$ 2 bilhões seja pago. O Judiciário fará seu papel de entregar ao credor aquilo que ele mesmo reconheceu”, afirma o juiz Bretas.

O levantamento desses valores só foram possíveis em razão de uma ação civil pública do Ministério Público do Trabalho (MPT) de São Paulo de 2005. Nela, Canhedo assumiu a responsabilidade com seus bens pessoais pelas dívidas trabalhistas. Para a procuradora-chefe do MPT, Cláudia Regina Lovato Franco, “foi um trabalho árduo marcado por tanta luta, em um processo complexo, com o envolvimento de muitos procuradores e juízes”.

Fonte: Valor Econômico, por Adriana Aguiar, 04.09.2015

  Uma empresa do setor de comércio varejista de ferragens e ferramentas obteve na Justiça Federal, por meio de processo que questiona o Fator Acidentário de Prevenção (FAP), autorização para acessar todas as informações de contribuintes que fazem parte da mesma categoria econômica (CNAE), inclusive a raiz do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). A decisão foi proferida pela juíza Gisele Lemke, da 2ª Vara Federal de Curitiba.

Por meio dos CNPJs, a defesa do contribuinte levantou ilegalidades no cálculo do FAP, o que reforça a argumentação contra o índice referente ao ano de 2012. O fator é aplicado desde 2010 pela Previdência Social e pode elevar ou reduzir a alíquota do Seguro de Acidente do Trabalho (SAT), que passou a se chamar Riscos Ambientais do Trabalho (RAT). É calculado com base no desempenho do contribuinte – volume de acidentes de trabalho, gravidade e custo – em relação aos demais de mesma atividade econômica.

O resultado do FAP varia de 0,5 a dois pontos e deve ser multiplicado, anualmente, pela alíquota básica do RAT (1%, 2% ou 3%), o que significa que a contribuição pode ser reduzida à metade ou dobrar, podendo alcançar 6% da folha de pagamentos.

De acordo com a advogada Cláudia Salles Vilela Vianna, do escritório Vilela Vianna Advocacia & Consultoria, foram verificadas informações de 2.286 das 4.127 empresas listadas pela União. E chegou-se à conclusão que quase um terço não poderia estar na categoria econômica da autora do processo. Foram encontradas empresas encerradas, firmas individuais e contribuintes de outros setores.

“Há na lista pet shop, cabeleireiro, lanchonete, escola e até sorveteria”, diz a advogada, acrescentando que, pela legislação, devem ser comparadas, no cálculo do FAP, empresas da mesma categoria econômica, “obviamente ativas e com empregados”. “Ao utilizar [a União], no cálculo, empresas de outros segmentos, empresários individuais e sociedades já encerradas, descumpre gravemente a legislação vigente.”

De acordo com a advogada, mesmo sem os CNPJs, já era possível, por meio de ordem judicial e acesso aos dados dessas empresas, identificar várias irregularidades – como duplicidade de ocorrências. “Agora, com a liberação dos números de inscrição [CNPJ], verificou-se que a situação é alarmante. Como há comparação entre empresas no cálculo do FAP, empurra-se os grandes para um tributo maior”, afirma Cláudia.

Para advogados, a decisão é importante por abrir a “caixa-preta” do FAP, cuja constitucionalidade é questionada no Supremo Tribunal Federal (STF). “O FAP é um grande buraco negro. A Previdência Social oculta dos contribuintes informações que pesam no bolso”, diz o advogado Daniel Báril, do escritório Silveiro Advogados, que defende a manutenção do mecanismo. “É uma ferramenta inteligente. O problema é a forma como o FAP é calculado.”

A decisão, segundo o advogado Fabio Calcini, do Brasil Salomão & Matthes Advocacia, ajuda na discussão sobre a constitucionalidade do FAP e em processos contra os índices estabelecidos pela Previdência Social. “É [o FAP] uma caixa-preta. O contribuinte não tem acesso a essas informações, o que demonstra a alta indeterminação normativa da lei e viola a legalidade e segurança jurídica”, afirma.

Calcini está acompanhando de perto a discussão no Supremo, como representante da Associação Brasileira das Indústrias Saboeiras e Afins, que atua como amicus curiae no recurso do Sindicato das Indústrias Têxteis do Estado do Rio Grande do Sul.

Por uma questão formal, o leading case foi substituído pelo relator da questão, ministro Luiz Fux. O recurso anterior foi proposto pela Komatsu Forest Indústria e Comércio de Máquinas Florestais, que não apresentou a preliminar de demonstração da repercussão geral da controvérsia.

O principal argumento dos contribuintes é o de que, embora o FAP esteja previsto em lei – artigo 10 da Lei nº 10.666, de 2003 -, coube a decretos e resoluções do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) estabelecer não só a metodologia de cálculo como também definir fato gerador e hipótese de incidência, o que contraria a Constituição Federal e o Código Tributário Nacional. “Mas outras inconstitucionalidades estão presentes no cálculo do FAP e agora, com os documentos obtidos pela liberação dos CNPJs de todos os empreendimentos comparados, temos oportunidade de comprová-las”, diz a advogada Cláudia Vilela Vianna.

Procurada pelo Valor, a Previdência Social preferiu não se manifestar.

Fonte: Valor Econômico, por Arthur Rosa, 15.09.2015

Em um cenário de crise dominado pelo pessimismo, uma das primeiras vítimas dentro das empresas é a disposição para assumir riscos. Termos como criatividade e inovação, que por muito tempo tiveram lugar de honra no discurso de executivos, passam a ficar em segundo plano enquanto a companhia promove ajustes e os funcionários temem pelo próprio emprego. Embora comum, essa perspectiva precisa ser combatida

Essa é a opinião de John Howkins, autor do livro “Economia Criativa: como ganhar dinheiro com ideias criativas” e um dos maiores especialistas do mundo no tema. “Em uma economia fraca, é mais difícil incentivar a criatividade, pois as pessoas têm menos apetite por risco. Mas é justamente nesse momento que isso se torna mais importante”, diz. Para ele, setores tradicionais da economia hoje precisam desenvolver a criatividade se quiserem ser competitivos e, para isso, podem aprender com indústrias criativas como artes e entretenimento.

O britânico Howkins, que atua como consultor em diversos países, estará no Brasil na próxima semana para um evento no Centro Universitário Belas Artes, em São Paulo, e conversou com o Valor por telefone. O especialista foi nomeado “mentor criativo” da instituição de ensino, para a qual vai dar aulas, promover workshops e agir como consultor junto a alunos e professores.

Na definição do especialista, a economia criativa é a aquela que usa ideias para agregar valor. Apesar de ser mais visível em setores como o da produção cultural, já faz algum tempo que usar a criatividade para gerar inovação está entre os objetivos de empresas de diversos setores. “Para ser competitivo e crescer de forma sustentável, é precisa usar a criatividade das pessoas de todas as maneiras possíveis, em todos os segmentos da economia privada e do setor público”, diz.

Em um mundo que muda em ritmo intenso, não é possível deixar essa estratégia de lado para retomá-la apenas quando a economia melhorar. “Você terá ficado tão para trás que será difícil alcançar os outros”, diz. Em sua opinião, as empresas mais bem-sucedidas hoje são aquelas que buscam se imergir em criatividade e inovação criando novos ativos, vendendo para novos mercados e desenvolvendo novas estratégias de preço. “Não é só uma questão de usar a criatividade para melhorar produtos e serviços e sim para mudar a forma de trabalhar e pensar”, diz.

Para isso, um tipo diferente de gestor é necessário. Howkins destaca uma frase de um estudo realizado pela empresa de tecnologia IBM: “Os líderes do futuro precisam se sentir confortáveis com a ambiguidade”. “Isso não é algo que normalmente se associa aos executivos do passado, que eram muito dominantes e quase arrogantes na sua visão do que é melhor para a companhia”, explica. Para sobreviver no mercado atual, é preciso estar mais ciente das diferenças de opinião dentro da empresa. “Também é necessário mais ênfase na colaboração entre pessoas com diferentes formas de pensar”, diz.

O clima organizacional é fundamental para fomentar esse tipo de atitude, da mesma forma que o ambiente cultural e social de uma cidade propicia o desenvolvimento de ideias. É o que Howkins chama de “a ecologia certa”. “Você precisa estar em um lugar onde ter ideias é considerado normal e esperado, mas também onde muitas outras pessoas também estão fazendo isso.”

Na opinião do especialista, todos nascemos criativos, basta observar uma criança brincando com um amigo imaginário para perceber isso. “Normalmente, a criatividade é reprimida quando vamos para a escola. Algumas pessoas a mantêm, mas para usá-la é preciso trabalhar duro e adquirira habilidades técnicas.”

Em uma organização, mais do que simplesmente ter diversidade – de gênero, etnia e pontos de vista – Howkins defende que é preciso saber administrá-la para se adaptar a uma economia que se transforma com rapidez. “Os recursos necessários para o trabalho mudam o tempo todo e novos desafios exigem diferentes conjuntos de habilidades”, enfatiza. Ser mais aberto para profissionais de fora da organização, que possam trabalhar de forma temporária em projetos, também é uma alternativa.

A ênfase em colaboração, porém, não significa que a competição se torna menos agressiva. “A economia criativa é intrinsicamente mais competitiva do que as outras”, diz. Um profissional criativo sempre estará em busca de melhorar o próprio trabalho e precisará entregar algo inovador para satisfazer o mercado.

Um ambiente com esse perfil, que lida com ativos intangíveis, exige capacidade de negociar constantemente. “Como pegar uma ideia que é basicamente nada e convencer os outros de que ela tem valor, mas sem abrir mão do controle?”, exemplifica. Atualmente, ele está trabalhando com uma escola de negócios americana no desenvolvimento de uma disciplina sobre o tema.

Fonte: Valor Econômico, por Letícia Arcoverde, 14.09.2015

A oferta crescente de profissionais qualificados, impulsionada especialmente pela alta do desemprego, está motivando a maior parte das empresas a reavaliar o desempenho de sua equipe: de acordo com um levantamento realizado com cerca das 500 maiores companhias do país pela Page Personnel, empresa de recrutamento especializado de profissionais técnicos e de suporte à gestão, três em cada quatro corporações avaliam a possibilidade de substituir funcionários que apresentem baixo rendimento.

“O desempenho fala mais alto em momentos de crise. As empresas precisam ser extremamente competitivas para se manterem atraentes no mercado e isso só é possível com funcionários eficientes e que entreguem resultados satisfatórios. Quem não estiver atendendo às exigências nesse momento pode entrar no radar da substituição”, explica Ricardo Haag, gerente executivo da Pager Personnel.

De acordo com ele, as empresas estão de olho em profissionais de todos os níveis e para todas as áreas, e que o perfil tem sido fator preponderante nessas análises. “As companhias procuram profissionais com um perfil comportamental e técnico bem alinhado às demandas. Precisam dominar um segundo idioma, mostrar conhecimento técnico apurado, ter resiliência, proatividade e objetivos claros.”

O lado dos colaboradores
De fevereiro a agosto, a Page Personnel entrevistou cerca de 35 mil candidatos convidando-os a participar de processos seletivos. Desse total, 75% disseram estar dispostos a ouvir novas ofertas de trabalho e participar de todas as etapas de seleção. Mas o que mais chamou a atenção dos recrutadores é que apenas 25% da massa de entrevistados aceitou trocar de emprego.

“Em cenários de instabilidade, as pessoas costumar ficar mais receosas e cautelosas, são mais conservadoras. Preferem continuar no emprego atual a ter de apostar no novo e em algumas ocasiões, incerto. Temos observado esse comportamento em candidatos de todas as áreas e níveis de experiência”, observa Haag.

Fonte: ABRH, 10.09.2015