Existem muitos riscos mecânicos oferecidos pelas partes móveis dos diferentes tipos de máquinas. O contato com as partes móveis das máquinas é considerado como fonte da maioria dos acidentes do trabalho. Assim, é importante diferentes medidas que podem ser usadas para reduzir os riscos.
Da Redação –
No mundo todo, todos os dias os trabalhadores estão expostos aos mais variados tipos de riscos em seus ambientes de trabalho e um deles, os mais comuns, é aquele que envolve máquinas e equipamentos. Ao manusear a máquina sem o equipamento de proteção correto e de forma errada, pode ocorrer uma série de ferimentos graves ou fatais, como amputações ou outros problemas.
A NBR ISO 12100 – Segurança de máquinas – Princípios gerais de projeto – Apreciação e redução de riscos especifica a terminologia básica, princípios e uma metodologia para obtenção da segurança em projetos de máquinas. Ela explicita princípios para apreciação e redução de riscos que auxiliam projetistas a alcançar tal objetivo. Estes princípios são baseados no conhecimento e experiência de projetos, uso, incidentes, acidentes e riscos associados a máquinas. (para ler mais sobre essa norma nessa revista clique no link)
Dessa forma, a apreciação de riscos em máquinas é uma etapa importante no processo de segurança de equipamentos utilizados nas atividades industriais. Trata-se de uma avaliação minuciosa e individualizada de cada item identificado no inventário de máquinas e equipamentos que tenham apresentado alguma não conformidade no diagnóstico de segurança.
Com base nesse procedimento para avaliar os riscos em máquinas, é realizado o projeto conceitual de segurança nas empresas. Ele tem por finalidade apresentar soluções técnicas para a redução substancial dos riscos potenciais que a máquina e os sistemas de transmissão associados a ela oferecem aos trabalhadores. Nessa etapa são definidas as proteções necessárias e especificados os dispositivos de segurança adequados a serem instalados em cada ponto da máquina, a fim de conciliar produtividade e segurança.
Pode-se consultar, para uma gestão de conhecimento sobre o assunto, a ABNT ISO/TR 14121-2 de 12/2018 – Segurança de máquinas — Apreciação de riscos – Parte 2: Guia prático e exemplos de métodos que fornece orientação prática sobre a realização de apreciação de riscos para máquinas de acordo com a NBR ISO 12100 e descreve vários métodos e ferramentas para cada etapa do processo. O Relatório Técnico fornece exemplos de diferentes medidas que podem ser usadas para reduzir os riscos e é destinado a ser utilizado para a apreciação de riscos em uma ampla variedade de máquinas em termos de complexidade e potencial de dano. Seus usuários pretendidos são os envolvidos no projeto, instalação ou modificação de máquinas (por exemplo, projetistas, técnicos ou especialistas de segurança). O Anexo A fornece um exemplo específico para uma apreciação de riscos e um processo de redução de riscos.
De forma resumida, pode-se dizer que o objetivo da apreciação de riscos é identificar os perigos e estimar e avaliar os riscos para que possam ser reduzidos. Há muitos métodos e ferramentas acessíveis para este objetivo e vários são descritos neste documento.
A ferramenta ou o método escolhido (a) será em grande parte uma questão da indústria, da empresa ou preferências pessoais. A escolha do método ou ferramenta específica é menos importante que o processo em si. O benefício da apreciação de riscos vem mais da disciplina do processo do que da precisão dos resultados, desde que seja realizada uma abordagem sistemática na identificação do perigo para reduzir os riscos e todos os elementos de risco sejam considerados.
Adicionar medidas de proteção e de redução de riscos em um projeto pode aumentar os custos e restringir a facilidade de utilização da máquina, se adicionado após o projeto finalizado ou à máquina já construída. Alterações em máquina são geralmente menos dispendiosas e mais eficazes na fase de concepção, portanto, é vantajoso realizar a apreciação de riscos durante o projeto das máquinas.
Pode ser útil rever a apreciação de riscos quando o projeto for finalizado, quando existir um protótipo e após a utilização da máquina. Além da apreciação de riscos executada na fase de projeto, durante a construção e o comissionamento (entrega técnica), os princípios e os métodos apresentados neste documento também podem ser aplicados às máquinas existentes durante a revisão ou modificação destas ou a qualquer momento, para efeitos de avaliação dos mecanismos existentes, por exemplo, no caso de acidentes ou mau funcionamento.
Os objetivos e o escopo de qualquer apreciação de riscos devem ser estabelecidos no início. A apreciação de riscos baseada na NBR ISO 12100 abrange toda a máquina, incluindo o seu sistema de controle, e recomenda-se que seja levada em consideração pelo fabricante. A apreciação de riscos é geralmente mais completa e eficaz quando realizada por uma equipe.
O tamanho de uma equipe varia de acordo com a abordagem de apreciação de riscos selecionada, a complexidade da máquina e o processo dentro do qual a máquina é utilizada. Convém que a equipe reúna conhecimento em diferentes disciplinas e uma variedade de experiências e conhecimentos. No entanto, uma equipe que é muito grande pode ter dificuldades para permanecer focada ou para chegar a um consenso.
A composição da equipe pode variar durante o processo de apreciação de riscos, de acordo com os conhecimentos necessários para um problema específico. Recomenda-se que haja um líder de equipe, claramente identificado e dedicado ao projeto, uma vez que o sucesso da apreciação de riscos depende de suas habilidades.
Convém que uma estimativa de riscos seja feita por uma equipe para gerar consenso, não se esperando que o resultado detalhado seja sempre o mesmo com diferentes equipes que analisem situações semelhantes. No entanto, nem sempre é prático montar uma equipe de apreciação de riscos e pode não ser necessário para as máquinas onde os riscos são bem compreendidos.
A confiança nos resultados de uma apreciação de riscos pode ser melhorada pela consulta aos outros com conhecimento e experiência e por outra pessoa competente, revisando a apreciação dos riscos. Recomenda-se que a equipe tenha um líder. Convém que o líder da equipe seja totalmente responsável por assegurar que todas as tarefas envolvidas no planejamento, execução e documentação, de acordo com a NBR ISO 12100:2013, Seção 7, da apreciação de riscos sejam realizadas e os resultados/recomendações sejam relatados à (s) pessoa (s) adequada (s).
Recomenda-se que os membros da equipe sejam selecionados de acordo com as habilidades e competências necessárias para a apreciação dos riscos. A equipe pode incluir pessoas que possam responder a perguntas técnicas sobre o projeto e as funções da máquina, tenham experiência real de como a máquina é operada, montada, mantida, atendida etc., tenham conhecimento do histórico de acidentes deste tipo de máquinas, tenham um bom entendimento dos regulamentos pertinentes, normas, em particular a NBR ISO 12100 e quaisquer questões de segurança específicas associadas à máquina, e compreendam os fatores humanos (NBR ISO 12100:2013, 5.5.3.4).
Este documento é destinado a ser utilizado para a apreciação de riscos em uma ampla variedade de máquinas, em termos de complexidade e potencial de dano. Há também uma variedade de métodos e ferramentas para a realização da apreciação de riscos. Ao selecionar um método ou ferramenta para estimar riscos, convém que sejam levados em consideração a máquina, a provável natureza dos perigos e o propósito da apreciação de riscos.
Convém que também seja dada consideração às habilidades, experiências e preferências da equipe para os métodos particulares. A Seção 5 oferece informações adicionais sobre os critérios para a seleção de métodos e ferramentas adequadas para cada etapa do processo de apreciação de riscos.
A informação necessária para a apreciação de riscos está listada na NBR ISO 12100:2013, 5.2. Esta informação pode apresentar numa variedade de formas, incluindo desenhos técnicos, diagramas, fotos, imagens de vídeo, informações para uso [incluindo informações de manutenção e procedimentos operacionais padrão (POP)], se disponível. Acesso a máquinas semelhantes ou a um protótipo do projeto, quando disponível, é frequentemente útil.
As subseções seguintes explicam o que tem de ser considerado em cada etapa do processo de apreciação de riscos, como mostrado na NBR ISO 12100:2013, Figura 1. Esta subseção engloba alguns dos requisitos da NBR ISO 2010:2013, 5.3. O objetivo desta etapa é ter uma clara descrição das propriedades mecânicas e físicas, da capacidade funcional da máquina, da sua intenção de uso e mau uso razoavelmente previsível, e do tipo de ambiente em que ela provavelmente será utilizada e mantida.
Isto é facilitado por um exame das funções da máquina e das tarefas associadas à forma como a máquina é utilizada. Uma máquina pode ser descrita em termos de partes distintas, mecanismos ou funções, com base na sua construção e operação, como fonte de energia; controle; modos de operação; alimentação; movimento/curso; elevação; estrutura da máquina ou chassi que proporciona estabilidade/mobilidade, e anexos.
Quando são introduzidas medidas de proteção e redução de riscos no projeto, convém que sejam descritas as suas funções e suas interações com outras funções da máquina. Convém que uma apreciação de riscos inclua uma observação de cada parte funcional, por vez, certificando-se de que cada modo de operação e todas as fases de uso sejam devidamente considerados, incluindo a interação homem-máquina em relação às funções identificadas ou partes funcionais.
Considerando todas as pessoas que interagem com a máquina em um determinado ambiente (por exemplo, fábrica, uso doméstico), o uso da máquina pode ser descrito em termos das tarefas associadas à utilização prevista e ao mau uso razoavelmente previsível da máquina. Sempre que possível, convém que o fabricante/fornecedor e o usuário da máquina se comuniquem, a fim de certificaram-se de que todos os usos da máquina, incluindo os maus usos razoavelmente previsíveis, sejam identificados.
Convém que a análise de tarefas e de situações de trabalho envolva o pessoal de operação e manutenção. Convém também que seja considerado o seguinte: informações para uso fornecido com a máquina, quando disponível; a maneira mais fácil ou mais rápida para realizar uma tarefa pode ser diferente das funções referidas nos manuais, procedimentos e instruções; o reflexo comportamental de uma pessoa, quando confrontado com um mau funcionamento, incidente ou falha ao utilizar a máquina, e erro humano.
A consideração de condições individuais para a utilização/operação de uma máquina é válida na medida em que este conhecimento pode ser razoavelmente atingido pelo projetista/fabricante. Nestes casos, convém que a fabricação considere o uso devido e o mau uso razoavelmente previsível. Os métodos ou ferramentas mais eficazes são aqueles estruturados para assegurar que todas as fases do ciclo de vida de máquinas, modos de operação, funções e tarefas associadas à máquina sejam minuciosamente examinadas. Vários métodos estruturados para a identificação de perigos estão disponíveis. Em geral, a maioria segue uma das duas abordagens descritas abaixo (ver figura).
A abordagem de cima para baixo é aquela que toma como ponto de partida uma lista de verificação de possíveis consequências (por exemplo, o corte, o esmagamento, a perda auditiva – ver consequências em potenciais na NBR ISO 12100:2013, Tabelas B.1 e B.2) e estabelece o que poderia causar dano (voltando a analisar o evento perigoso e a situação perigosa, e daí o próprio perigo). Cada item na lista de verificação é aplicado a todas as fases de utilização da máquina e em toda parte/função e/ou tarefa por vez.
Um dos inconvenientes de uma abordagem de cima para baixo é o excesso de confiança da equipe na lista de verificação, que pode estar incompleta. Uma equipe inexperiente não necessariamente irá perceber isto. Portanto, não convém que a lista de verificação seja interpretada como exaustiva, mas recomenda-se incentivar o pensamento criativo para além da lista.
Cada perigo tem o potencial para resultar em várias gravidades diferentes de dano. Pode ser útil para estimar o risco de uma série de gravidades representativa e considerar o dano mais grave que pode ocorrer de forma realista (na pior das hipóteses). No entanto, a gravidade do dano a ser considerada nem sempre é fácil.
A mais grave pode ser muito improvável e a gravidade mais provável pode ser insignificante, de modo que o uso de uma ou outra pode conduzir a uma estimativa de riscos inadequada. Por exemplo, é quase sempre possível que a morte seja a gravidade do dano: um corte pode matar se ele se tornar séptico ou rompa uma artéria.
Todavia, embora a probabilidade de receber um corte seja alta, a morte é, geralmente uma probabilidade remota. Pode, portanto, ser útil para estimar os riscos de uma variedade de gravidades representativas e usar o que fornece/oferece o maior risco.
A matriz de riscos é uma tabela multidimensional que permite a combinação de qualquer classe de gravidade do dano com qualquer classe de probabilidade de ocorrência deste dano. As matrizes mais comuns são bidimensionais, mas elas podem ter até quatro dimensões. A utilização de uma matriz de riscos é simples. Para cada situação perigosa que tenha sido identificada, uma classe para cada parâmetro é selecionada, com base nas definições dadas.
O conteúdo da célula onde as colunas e linhas correspondentes a cada categoria selecionada intersectam fornece o nível de risco estimado para a situação de risco identificada. Isto pode ser expresso como um índice (por exemplo, de 1 a 6, ou de A a D) ou um termo qualitativo, como “baixo”, “médio”, “alto” ou similar.
As matrizes de riscos têm sido utilizadas por muitos anos, e existem muitas variações diferentes. Um exemplo é mostrado na tabela abaixo. Como mostrado na tabela, as diferentes matrizes de riscos usam diferentes níveis para cada fator de risco – por exemplo, a tabela apresenta quatro níveis de probabilidade. Os níveis variam geralmente entre três e até dez, sendo quatro ou cinco, o mais comum.
Para cada perigo ou situação perigosa (tarefa), convém que a gravidade dos danos ou consequências que podem resultar seja estimada. Os dados históricos podem ser de grande valor, como uma linha de base. A gravidade é muitas vezes estimada como lesão ou danos à saúde.
A estimativa da gravidade pode ser realizada utilizando a matriz de riscos selecionada. Como um exemplo, os níveis de gravidade da tabela são: catastrófica – morte ou lesão incapacitante permanente ou doença (incapacidade de voltar ao trabalho); grave – lesão grave debilitante ou doença (capaz de retornar ao trabalho em algum tempo); moderada – lesão significativa ou doença que requeira mais do que primeiros socorros (capaz de retornar ao mesmo posto de trabalho); baixa – nenhuma lesão ou ligeira lesão que requer não mais do que os primeiros socorros (pouco ou sem tempo algum de trabalho perdido).
A estimativa da gravidade geralmente incide sobre o pior dano grave que pode ocorrer de forma realista (pior possível), em vez de a pior consequência concebível. Para cada perigo ou situação perigosa (tarefa), convém que seja estimada a probabilidade de ocorrência de danos.
Exceto quando estiverem disponíveis os dados empíricos, o que seria raro, o processo de seleção da probabilidade de um incidente ocorrido volta a ser subjetivo. Por esta razão, é vantajoso o debate exaustivo com pessoas conhecedoras do processo.
A estimativa da probabilidade de ocorrência de danos pode incluir (ver ABNT NBR ISO 12100:2013, 5.5.2.3) a frequência e a duração da exposição a um perigo, o número de pessoas expostas, o pessoal que executa as tarefas, a história da máquina/tarefa, ambiente de trabalho, os fatores humanos; a confiança das funções de segurança, a possibilidade de burlar ou contornar as medidas de proteção e de redução de risco, a capacidade de manter as medidas de proteção e de redução de riscos, e a capacidade de evitar danos.
Semelhante à gravidade, há muitas escalas utilizadas para estimar a probabilidade da ocorrência de danos. Alguns métodos não fornecem outras descrições além dos termos utilizados. Outras matrizes proporcionam descrições adicionais, como na tabela acima: muito provável – quase certo de ocorrer; provável – pode ocorrer; improvável – não é provável ocorrer; remota – tão improvável como estar perto de zero.
Alguns métodos estabelecem uma distinção entre probabilidade e possibilidade, onde a probabilidade é um valor numérico entre 0 e 1, e a possibilidade é uma descrição qualitativa da probabilidade. No entanto, muitos métodos não distinguem entre os termos de probabilidade e possibilidade e os usam como sinônimos.
Convém que a probabilidade seja relacionada com uma base de intervalo de algum tipo, como uma unidade de tempo ou atividade, eventos, unidades produzidas ou ciclo de vida de uma instalação, equipamento, processo ou produto. A unidade de tempo pode ser o tempo de vida pretendido da máquina.